lOJAS RENNER
O IMPÉRIO DA
MODA NO RS
Da Capa Ideal ao império da moda: o triunfo
da indústria Renner no Rio Grande do Sul
Analisando o constante crescimento do mercado de moda no Brasil e no Rio Grande do Sul, bem como o olhar das políticas públicas culturais voltadas para esta temática, passando a pensar a moda como um forte componente cultural, percebe-se a necessidade de, a partir do resgate histórico e cultural, começar a estabelecer pilares que coloquem o Rio Grande neste cenário.
Representantes da cadeia produtiva do setor e de várias regiões do país discutiram e elaboraram em setembro de 2010 as diretrizes para o Plano Nacional de Cultura. Trata-se de uma pactuação inédita entre empresários, pesquisadores, organizações não governamentais, estilistas e Estado, fato que abre para novas articulações serem pensadas sobre o viés da moda e da cultura.
No entanto, percebe-se a inexistência de discussões e mesmo iniciativas que contemplem estudar a moda sobre essa perspectiva. O olhar da moda atualmente esta voltado para o mercado, analisando tendências e pesquisando comportamentos de consumo e o resgate histórico que pode trazer sustentação para uma construção identitária da moda brasileira é por vezes esquecido.
Reunir aspectos fundamentais de uma das principais e talvez ainda mais importante produtora de moda do Estado com uma relevante projeção nacional, a partir dos anos 30, tende a trazer sustentação para consolidar este segmento no Rio Grande do Sul. A Renner iniciou em 1912 com a fabricação da Capa Ideal feita com tecido impermeável e dez anos depois estava adentrando para a alfaiataria masculina e logo verticalizou a produção ditando moda também feminina e infantil. Por quase meio século a Renner definiu a moda no Sul, período que já contava com representantes comerciais que vendiam suas peças para o sudeste e nordeste do País.
Partindo deste princípio, analisa-se que o resgate histórico é uma maneira de fortalecer e preencher as lacunas para uma melhor estruturação da moda como mercado, da moda como criação e, essencialmente, da moda como cultura. Outra oportunidade observada é o visível interesse sobre o mundo da moda, pensando-o, hoje, não mais como algo supérfluo e sem valor, visto que no Brasil, por exemplo, a indústria da moda está entre as que mais gera empregos. O que consequentemente faz crescer o mercado da educação, pois os jovens passaram a ver a moda como uma ótima opção profissional. E o Rio Grande do Sul não ficou fora desta realidade, há pouco mais de cinco anos o Estado tinha apenas duas escolas profissionalizantes e uma que equivalia à graduação, hoje este quadro mais que triplicou e as escolas de moda estão espalhadas pela grande Porto Alegre e também pelo interior, além do crescimento de cursos profissionalizantes e de curta duração, assim como o surgimento de cursos de especialização na área e da possibilidade cada dia maior do aprimoramento via internet.
A profissionalização se fez necessária, pois o Brasil hoje possui a sexta maior indústria têxtil do mundo, sendo o segundo maior produtor de denim (matéria prima para fabricação de jeans) e o terceiro na produção de malhas. É auto-suficiente na produção de algodão, o país produz 9,8 bilhões de peças de confecção por ano, sendo segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) referência mundial em moda praia, jeanswear e homewear. Outros segmentos também se destacam no mercado internacional, como a moda feminina, masculina, infantil, fitness e moda íntima. A indústria da moda é uma das que mais geram empregos no Brasil e o seu PIB, cerca de 50 bilhões de dólares, equivale a um terço da economia total de um país como o Chile.
Com base neste favorável panorama a ABIT - fundada em 1957, representa atualmente 30 mil empresas que empregam mais de 1,65 milhão de trabalhadores - firmou um convênio para fomentar a exportação da indústria da moda brasileira que prevê até o final do ano fechar o número das exportações em US$ 456 milhões. Isso sem considerar o mercado gaúcho de jóias, acessórios e calçados que também devem ser vistos sobre o aspecto da moda.
Os dados acima apresentados justificam a relevância da pesquisa, pois através do conhecimento se pode estabelecer bases mais sólidas para avançar no mercado da moda e assim conseguir desmistificar o conceito de que não se faz moda no Brasil, todavia acrescenta-se ainda, a necessidade do desenvolvimento de estudos e pesquisas que visem o aprofundamento e o desenvolvimento de conceituações de cunho científico, tendo em vista a escassez de material teórico e atualizado nessa área.
Desta forma, fazer este resgate pode incentivar o Rio Grande do Sul novamente a se destacar no universo criativo deste segmento.

